Os Pré-Rafaelitas em Camelot: a corte do Rei Arthur encontra a poesia e a pintura Vitoriana
Tennyson, Waterhouse, pintores esquecidos, poetas laureados, mocinhas amaldiçoadas em torres e o romantismo medieval vira trend em pleno século 19
Quem nunca aproveitou os prazeres idílicos que só o escapismo dos contos de fadas pode oferecer? Não importa se sua preferência é por algo fofo como O Hobbit, ou algo mais radical como Game of Thrones, sonhar com terras distantes, castelos, bruxas e dragões, cavaleiros principescos e donzelas corajosas parece uma experiência universal. E é mesmo: desde Don Quixote na renascença, ao revival do medievalismo no século 19 até o atual sucesso sem precedentes do universo das Crônicas de Gelo e Fogo, parece que a estética medieval nunca abandonou nosso imaginário.
O texto de hoje parte dessa ideia e segue com uma miscelânea de temas artísticos: poetas laureados, pintores esquecidos, Sir Lancelot e os Vitorianos. Tudo isso se conecta através da escola artística e literária da Inglaterra do séc. XIX denominada “Irmandade Pré-Rafaelita”. Especificamente tratarei de um poema e três quadros que contam a mesma história: a maldição da Lady of Shalott. Como sempre, não serei imparcial pois o poema e os quadros estão na minha galeria de favoritos, por isso, me perdoem pela falta de polêmica pois nada a seguir será criticado negativamente.
Partindo do princípio que você, leitor, infelizmente não está familiarizado com os pré-rafaelitas, algumas introduções serão necessárias. Além disso, aproveitando o curso de literatura vitoriana que estou fazendo no momento, acho válido contextualizar algumas coisas sobre essa sociedade tão pitoresca. Daí seguiremos para o medievalismo, as pinturas e o poema, eu prometo.
Quem eram os Pré-Rafaelitas?
"Pré-Rafaelitas" é um termo, às vezes confuso, dado a um movimento artístico que se refere tanto às artes visuais como à literatura na Inglaterra do século XIX. O termo alude ao grande pintor do renascimento italiano Rafael Sanzio, e o prefixo “pré” não significa necessariamente o resgate da arte antes do próprio Rafael, mas antes de seus seguidores e imitadores, os "rafaelitas".
Ser "Pré-Rafaelita", então, não é se prender a um passado arcaico, mas rejeitar a ideia de seguir estritamente um mestre ou uma escola, no caso, a técnica e a estética criada pelo renascimento italiano, especificamente a inspirada por Rafael, que era ensinada como a “certa”. Assim, a ideia sugere um inconformismo, porém difícil de separar da sua referência arcaica, algo que tem causado problemas na crítica desde a formação da Irmandade Pré-Rafaelita (IPR) até hoje.
A referência à um mestre da pintura pode sugerir que o movimento é mais artístico do que literário, mas não é bem o caso. A IPR foi formada em 1848 por James Collinson, William Holman Hunt, John Everett Millais, Dante Gabriel Rossetti e Frederick George Stephens, que se conheceram como estudantes de arte nas Royal Academy Schools. A questão é que em sua grande maioria, as pinturas Pré-Rafaelitas eram literárias - não só porque extraíam os seus temas dos poetas românticos ingleses, de Shakespeare, Dante e Boccaccio, mas também porque quase todos os membros do grupo não se limitavam à apenas uma atividade: além de pintar eram escritores e poetas. Pode-se dizer que eles eram o Bloomsbury Group da Era Vitoriana.
O movimento foi “esparso” pois dialogava com outros gêneros mais proeminentes como o Naturalismo, Simbolismo e Decadentismo, por isso, é difícil apontar para algo puramente “pré-rafaelita”, contudo, esta qualidade foi também responsável pela sua longevidade - o movimento se reinventou o suficiente para que surgissem duas gerações (o pintor que vamos abordar, J. W. Waterhouse é da 2a geração, e pintou suas telas pré-rafaelitas em meio a Primeira Guerra Mundial).
Como dito antes, o objetivo estético do movimento é reavivar os ideais pré-século XV da pintura, e para isso, o nome de Rafael foi usado como uma fronteira simbólica na história da arte moderna. A rejeição ao academicismo é o segundo pilar que sustenta a filosofia da IPR, e não é por acaso. O contexto histórico do início do século XIX foi marcado pelos ideais racionalistas do iluminismo, cujo auge na Revolução Francesa de 1789 deixou marcas em todas as áreas de pensamento nas décadas seguintes. A primeira reação a esse racionalismo foi a partir do Romantismo de Wordsworth à Lord Byron, e suas obras influenciaram vários artistas da IPR.
Ao passo que na França do fin-de-siècle os impressionistas já estavam quebrando paradigmas há tempos, e no meio disso, surgem artistas como Waterhouse pintando figuras medievais e romanescas, não é de se estranhar que a Irmandade tenha sido taxada de obsoleta. Porém, os dois elementos revolucionários abordados - o fascínio por conceitos de liberdade artística pré-renascentistas e o anti-academicismo - fazem do Pré-Rafaelismo um movimento inovador e vanguardista, cujos ideais prefiguram conceitos modernistas do século XX. Na literatura não é diferente: a sensualidade, a obscuridade e as imagens quase ilógicas da poesia pré-rafaelita contribuem para a singularidade deste ramo particular da literatura vitoriana.
O Retorno à Camelot
O surgimento de uma tendência estética medieval na Era Vitoriana (1837-1901) não foi apenas um retorno nostálgico ao passado da Grã-Bretanha, mas também uma tentativa de encontrar e preservar uma herança cultural em meio a tantas revoluções que a Inglaterra do século XIX sofreu. Desse modo, o medievalismo foi uma das “modas” escapistas que os vitorianos vivenciaram. Na mesma linha, podemos mencionar os romances provincianos e regionais (que idealizavam uma “velha Inglaterra” rural que na realidade nunca existiu) e o culto à Shakespeare e à Milton.
Toda essa “introspecção” do olhar vitoriano para o seu passado é uma característica muito marcante da época, pois nunca antes em um século tantas mudanças ocorreram de uma vez só: industrialização em massa, colonização em grande escala e com isso um grande número de imigrantes se estabeleceram na Grã-Bretanha, mudanças legislativas importantes como as reformas trabalhistas e a Lei do Divórcio, a teoria evolucionista de Darwin, o surgimento da psicanálise, a decadência da aristocracia rural (a gentry), e muito mais. Não surpreende a crise de identidade que o cidadão inglês estava sofrendo, por isso, o resgate de um passado idílico é uma resposta, digamos, natural e lógica - diante de tanta mudança às vezes precisamos nos segurar àquilo que é seguro e familiar.
Contudo, essa concentração no passado foi além do escapismo e da simples nostalgia com a Irmandade Pré-Rafaelita, pois estava intimamente ligada à necessidade de encontrar uma mitologia ou folclore que preenchessem o campo dos ideais, e qual mitologia mais essencialmente inglesa senão as lendas arturianas?
O interesse da Irmandade na Idade Média como a época mais apelativa à imaginação coincidiu com seu credo artístico, cuja intenção era reavivar os ideais criativos que antecederam o trabalho de Rafael. Ainda assim, o motivo principal do fascínio pelo medievo foi a vontade de desapegar da realidade, de fugir da época e de sua feiura industrial, de seu materialismo e moralidade rígida.
Tennyson participou desta tendência e escreveu poemas baseados em contos arturianos desde o início de sua carreira: em 1832 publicou The Lady of Shalott, e em 1859 publicou The Idylls of the King, causando um impacto considerável no desenvolvimento das lendas arturianas no imaginário popular vitoriano.
O medievalismo, então, com seus relatos de cavalheirismo e romance ideal, com mocinhas em torres e cavaleiros montados, não era só uma interpretação lúdica do passado, mas um guia comportamental para o presente, em meio as mudanças da Inglaterra do século XIX.
Lord Alfred Tennyson e a Lady of Shalott
Mais do que qualquer outro escritor da Era Vitoriana, Lord Alfred Tennyson (1809-1892) parece a encarnação de sua época, tanto para seus contemporâneos quanto para os leitores modernos. Detentor do título de Poeta Laureado de 1851 até sua morte, abrangendo quase todo o reinado de Victoria, ele se sentia intimado a celebrar essa era industrial e de grandes mudanças. Porém, pouco se identificava com toda essa modernidade, pois suas mais profundas simpatias foram suscitadas por uma Inglaterra rural inalterada; o conflito entre o que ele pensava como seu dever para com a sociedade e cultura e sua lealdade à beleza eterna da natureza parece peculiarmente vitoriana.
A questão de Arthur e Camelot era obsessão de Tennyson desde a infância e, ao longo dos anos, tornou-se sua ferramente preferida para ilustrar a profanação da decência e dos antigos ideais ingleses através da corrupção gradual da moralidade vitoriana. A decadência da Távola Redonda parecia cada vez mais um símbolo adequado da decadência da Inglaterra do século XIX. Observa-se que o fascínio vitoriano com o medievalismo ia além da estética e do escapismo, mas também era uma questão moral.
Para o leitor moderno, já familiarizado com as lendas arturianas na cultura pop, é difícil imaginar que elas eram relativamente desconhecidas quando Tennyson escreveu. Ele pesquisou extensivamente, lendo a maioria das fontes disponíveis, indo ao País de Gales e ao oeste da Inglaterra para ver os lugares reais ligados a Arthur, e até mesmo aprendeu galês suficiente para ler alguns dos documentos originais: "Não há assunto mais grandioso no mundo", disse.
O poema "The Lady of Shalott" se mostrou uma fonte literária imensamente produtiva para os Pré-Rafaelitas. A Senhora Elaine de Astolat - a Lady of Shalott – era a representada repetidamente pelos artistas da Irmandade. Sua figura melancólica presa em uma torre fiando um tapete ou morrendo por amor antes de ser resgatada por Sir Lancelot, representava uma ideal de vulnerabilidade e “delicadeza” feminina (mas não destituída de erotismo) deveras cultuado pelos vitorianos.
Derivada das lendas arturianas, a história da Lady of Shalott é um clássico conto de fadas, porém com um final triste. Na história, Elaine de Astolat vive isolada em uma torre próxima à Camelot. Por causa de uma maldição de origem desconhecida, ela está fadada a passar seus dias tecendo imagens do mundo em seu tear, e sob pena de morte, está proibida de olhar diretamente pela janela ou deixar sua torre, podendo apenas ver o mundo através de um espelho. Um dia, depois de muito sonhar com a liberdade, ela vê o reflexo de Sir Lancelot e se apaixona de pronto, por isso, quebra a proibição e olha diretamente para ele através da janela. Sabendo que está condenada mas desejando conhecê-lo mesmo assim, ela deixa seu castelo e desce num barco até Camelot, mas a maldição a atinge antes que ela possa fugir e ela morre.
Em certo momento, Elaine vê dois recém casados passando pelo espelho, e seu anseio pela liberdade só cresce e o leitor percebe como ela sofre, com isso, Tennyson dá um tom melancólico ao poema com uma das estrofes mais bonitas:
But in her web she still delights To weave the mirror's magic sights, For often thro' the silent nights A funeral, with plumes and lights And music, came from Camelot: Or when the moon was overhead Came two young lovers lately wed; 'I am half sick of shadows,' said The Lady of Shalott.
Sendo este um poema narrativo, há um evento catalisador para os eventos que marcam a tragédia da Lady de Shalott. Sir Lancelot se aproxima, e movida pelo desejo de olhar para seu amor platônico ela deixa o tear, se levanta, e olha pela janela. Consequentemente, o espelho quebra e ela sente que a maldição foi lançada:
She left the web, she left the loom
She made three paces thro' the room
She saw the water-flower bloom,
She saw the helmet and the plume,
She look'd down to Camelot.
Out flew the web and floated wide;
The mirror crack'd from side to side;
'The curse is come upon me,' cried
The Lady of Shalott.
Lynne Pearce, professora e pesquisadora de literatura feminista, percebe que ao longo da história a Senhora enfrenta o dilema “celibato cristão versus amor romântico”, e aponta Lancelot como o responsável pela eventual excitação de Elaine. Além disso, a imagem do espelho é muitas vezes interpretada como reflexo da mente da donzela que está completamente tomada pelo mundo exterior, ou melhor, por Lancelot, pois o espelho mostra sua figura se aproximando do castelo. A fenda simbólica no espelho, que aparece no momento da execução da maldição, indica, assim, uma obliteração do desejo da Senhora, ao invés de sua realização.
John William Waterhouse - O Pintor da Lady of Shalott
Pouco se sabe de fato sobre a vida interior de John William Waterhouse - sua personalidade é raramente mencionada por seus contemporâneos; suas cartas são poucas e não reveladoras; e seus diários, se existem, não foram descobertos. O pintor nasceu em 1849, exatamente no ano em que a Irmandade Pré-Rafaelita irrompeu na cena artística, e seus pais também eram pintores. Em vida, ele frequentou a Royal Academy, foi eleito Associado e finalmente um acadêmico "completo", e exibiu seus quadros lá quase todos os anos de 1874 até sua morte em 1917.
Seguindo o medievalismo, muitos artistas da Irmandade pintaram a Lady de Shalott antes de Waterhouse. Só que eles não estavam meramente "ilustrando" o poema, pois, como o crítico vitoriano John Ruskin observou, "bons quadros nunca podem ser ilustrações; eles são sempre outro poema, subordinado, mas totalmente diferente da concepção do poeta". O que podemos questionar sobre tais "poemas" derivados é se, nos termos de Harold Bloom, eles são "erros de interpretação" graves ou leves de seu poema precursor.
Não se sabe se ele encontrou Tennyson pessoalmente, mas gosto de pensar que sim. De qualquer forma, o poeta foi uma grande inspiração para as pinturas Pré-Rafaelitas de Waterhouse. Seguindo a cronologia dos eventos no poema de Tennyson, Waterhouse retratou a história de trás para frente: a primeira tela de 1888 mostra a cena final no barco; a tela de 1894 se passa no meio do poema, quando a Lady olha pela janela; a terceira tela de 1915 é uma cena do começo do poema, com a Lady espiando Camelot pelo espelho.
Eu adoro essa pintura, ela realmente oferece uma sensação de escapismo, e sinto que estou vendo uma cena de O Senhor dos Anéis. A expressão melancólica da Lady é deveras impactante, e revela muito da situação desesperadora em que ela se encontra. Entretanto, suas feições possuem mais de um significado. Edgar Allan Poe observa em "O Princípio Poético" que “como ou porque não sabemos, um certo traço de tristeza (não 'dor' ou 'tristeza' exatamente) está inseparavelmente ligada a todas as manifestações superiores da verdadeira Beleza", um sentimento que influenciou muitas pinturas do século XIX de belas mulheres mortas ou moribundas.
A tela acima é a segunda da trilogia. É um trabalho para o qual Waterhouse fez muitos estudos e esboços preliminares até “acertar”. Neste quadro, a Lady aparece muito diferente de sua versão anterior. Primeiro ponto que chama atenção é o olhar penetrante diretamente para o espectador, que reflete a tensão do momento retratado na pintura: ela se afasta de seu tear e resolve quebrar a única regra de sua condição de prisioneira, a de não olhar pela janela. A tela é cheia de movimento, colocando a personagem no ato de se levantar enrolada em um emaranhado de fios, os quais simbolizam sua condição de prisioneira. Ademais, a rachadura no espelho significa a quebra da regra imposta e a consagração da maldição.
A terceira e última tela, de 1915, tem seu título tirado do poema de Tennyson, frase que destaquei anteriormente. Aqui, a Lady é retratada em uma pose que remonta a sensualidade, ideia reforçada pela cor vermelha de seus trajes. Ela espia o reflexo no espelho com certo descontentamento, pois é neste instante que o par de recém-casados passa diante de seu espelho. Observa-se que o pintor descartou o branco virginal, nupcial e mortal dos dois quadros anteriores ao adotar os tons de vermelho que aludem à intensidade, seja de paixão ou raiva.
Essas são as três telas que Waterhouse fez baseado nos episódios narrativos do poema de Tennyson. Observando a margem de tempo entre a primeira e última tela (27 anos), podemos deduzir que o poema e os ideais que ele representava eram de grande importância para Waterhouse. Digo deduzir pois, como disse no início, não temos registros da personalidade do pintor, não sabemos se ele era obcecado por Tennyson, por lendas arturianas, ou por nenhum dos dois e ele só achava bonitinho. Como todo artista é meio instável, para não usar termos mais graves, eu imagino que ele era obcecado por esse tema sim. R.I.P Waterhouse, você teria amado os livros de Tolkein.
Finale
A escola Pré-Rafaelita ainda hoje não recebe o mesmo reconhecimento pela Academia que seus contemporâneos impressionistas, realistas. etc Por ter se desenvolvido através de elementos e temas nostálgicos, como o medievalismo, lendas e poemas folclóricos, e ideais e conceitos que remetem a um escapismo no passado, é compreensível que tenham sido interpretados como antiquados. Entretanto, há muita riqueza técnica, estética e conceitual no trabalho deles, como vimos rapidamente aqui. Waterhouse talvez não fosse um grande gênio, mas seu talento é inegável. Ele me lembra Shakespeare no sentido de que seu brilhantismo não está na originalidade temática, mas sim na forma empregada ao retratar algo e assim dar uma nova vida ao tema. Quanto à Tennyson, até agora não li nada que me desagradasse, e o admiro muito como artista (vale a pena pesquisar um pouco sobre a biografia dele).
Gosto muito de formas de arte que promovem o escapismo, acho que por isso sou tão fã do gênero fantasia, e talvez por isso ache os pré-rafaelitas fascinantes. Suas pinturas parecem mais que saíram de um conto de fadas do que meramente um retrato forjado no nosso tedioso mundo real.
A pintura possui atributos poéticos, como a capacidade de gerar narrativas, dispositivos que indicam humor e observações auto reflexivas. A poesia, da mesma forma, tem características de pintura, como indicações de espaço, atenção aos detalhes e referências ao próprio ato de olhar. Este conjunto de elementos não apenas revela que a pintura e a poesia podem compartilhar características entre si, mas também que cada uma destas formas podem dialogar plenamente entre si.
Gosto muito do Waterhouse, a Miranda de 1916 dele é um dos meus quadros favoritos (mencionando o ano porque ele pintou outra versão no começo da carreira). Assim como a Ophelia de 1852 do Arthur Hughes, que pra mim tem muito essa aura de escapismo - ela me faz pensar mais em uma elfa ou dríade do que na figura trágica de Shakespeare.
eu sempre soube que Lancelot era um boy, pra dizer o mínimo, complicado. Depois das brumas de avalon, passei a gostar quase nada dele, e agora então... Apenas um rostinho bonito :p Anyway, as pinturas são lindíssimas, esse movimento merecia mais repercussão. Texto belo <3